segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Transformação

Ouço cantarem as aves
Puras e tristes sonatas!
Seus cantos são mais suaves,
Vozes de pranto e cascatas...

Numa gaiola, o Sabiá
Tem seus ensaios...brado triste!
Soluçares, eu ouço cá...
Maiores dores, não viste!

Uma bicada no azul
Entre os ferros da prisão,
E as asas presas no paul:
Sabiá tenta a salvação!

E pelas negras opalas 
Do Sabiá, passa o mundo...
Passam sonidos que tu calas,
Pois Sabiá é moribundo!

Mal sabes tu, grande homem:
Do mesmo alpiste tu vives!
Que de teus sonhos, todos somem...
Que os cantares teus, ourives

Algum se põe a lapidar:
Muito esquecido, estás...
E como as aves, cantar
Também não podes: aqui jaz!

Pode de ferro ter as mãos,
O homem, cálidas serpentes...
Mas não resistem aos vãos
Dentro d’alma as culpas ardentes!

Trazes consigo a mesma sina:
Preso tu estás, sem redenção...
Tenta cantar na colina,
Teu Sabiá em coração!

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